terça-feira, 11 de março de 2014

Conheça um pouco de nossa história


O Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (NEHAC), criado em 1994, no Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia, nasceu de temas e perspectivas de análise que propiciaram a realização do doutorado da Profª. Drª. Rosangela Patriota Ramos e do Prof. Dr. Alcides Freire Ramos, junto ao Programa de Pós Graduação em História Social da Universidade de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier, no período de 1987 a 1996, pois os dois trabalhos foram frutos de pesquisas em nível de Doutorado Direto, que, posteriormente, foram editadas sob os seguintes títulos: Vianinha – um dramaturgo no coração de seu tempo (Rosangela Patriota, São Paulo: Hucitec, 1999) e Canibalismo dos Fracos: Cinema e História do Brasil (Alcides Freire Ramos, Bauru: EDUSC, 2002).
Em verdade, o próprio Professor Orientador é nacionalmente reconhecido como pesquisador da área, cujo trabalho está voltado para discussões relativas aos diálogos entre História e Música e, tendo como base sua grande experiência e competência intelectual, orientou trabalhos que envolviam as possíveis conexões entre História e Teatro e História e Cinema. Desse ponto de vista, o que aproximava o trabalho dos Orientandos ao do Orientador era uma perspectiva teórica e metodológica, dada em um debate que envolve os campos das Linguagens Artísticas, e como estas poderiam contribuir tanto no âmbito da História Cultural como no campo da História Política no Brasil Contemporâneo.
Nesse sentido, o trabalho da Profª. Rosangela Patriota Ramos, por meio de um estudo sistemático da dramaturgia de Oduvaldo Vianna Filho e da fortuna crítica sobre a mesma, ao mesmo tempo em que analisou historicamente as estruturas formais e os conteúdos temáticos das peças de Vianna, contribuiu para os estudos que envolvem discussões sobre Arte e Política, História e Estética, além de refletir sobre a atuação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) durante os anos de ditadura militar, e de que maneira o tema da Resistência Democrática e seus embates políticos puderam ser interpretados e analisados a partir da trajetória do referido dramaturgo e sua mencionada produção artística.
A avaliação deste trabalho, em termos acadêmicos, no Exame de Qualificação ficou sob a responsabilidade do Prof. Dr. Jacó Guinsburg (ECA-USP), da Profª. Drª. Luzia Margareth Rago (IFCH-UNICAMP) e do Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier (FFLCH-USP). Na defesa da tese a banca foi composta da seguinte maneira: Prof. Dr. Ismail Xavier (ECA-USP), Prof. Dr. Alcir Lenharo (IFCH-UNICAMP), Profª. Drª. Maria Helena Capelato (FFLCH-USP), Prof. Dr. Fernando Novais (FFLCH-USP) e Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier (FFLCH-USP). A referência à composição destas bancas de avaliação tem o intuito de demonstrar que a preocupação interdisciplinar, não só motivou o desenvolvimento da pesquisa, como a premissa a partir da qual o mérito dos resultados acadêmicos foi julgado.
Por sua vez, o trabalho do Prof. Alcides Freire Ramos, que elegeu como objeto de investigação o filme Os Inconfidentes (1972, de Joaquim Pedro de Andrade) e sua repercussão em nível nacional e internacional, trouxe uma grande contribuição ao debate Arte e Política, História e Estética, além de analisar as reapropriações do tema da Inconfidência Mineira, tanto pelos artistas, quanto pelos militantes revolucionários, para construir e/ou interpretar a luta contra da ditadura militar nas décadas de 1960 e 1970. Desta feita, elaborando um instigante diálogo entre o tema da Luta Armada e o poder constituído.
A avaliação deste trabalho, em termos acadêmicos, no Exame de Qualificação ficou sob a responsabilidade do Prof. Dr. Ismail Xavier (ECA-USP), do Prof. Dr. Elias Thomé Saliba (FFLCH-USP) e do Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier (FFLCH-USP). Na defesa da tese a banca foi composta da seguinte maneira: Prof. Dr. Ismail Xavier (ECA-USP), Prof. Dr. Jean-Claude Bernardet (ECA-USP), Profª. Drª. Laura de Mello e Sousa (FFLCH-USP), Prof. Dr. Elias Thomé Saliba (FFLCH-USP) e Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier (FFLCH-USP). A menção às bancas de avaliação, mais uma vez, visa demonstrar a preocupação interdisciplinar, motivadora do desenvolvimento da pesquisa, que norteou o julgamento de mérito do resultado acadêmico.
Estas rápidas apresentações revelam que, por meio de objetos artísticos (Teatro e o Cinema), o processo histórico brasileiro, nas décadas de 1960 e 1970, foi revisitado, com vistas a interpretar a ação das esquerdas tanto no campo da Resistência Democrática, quanto no âmbito da Luta Armada, dando origem a uma área de pesquisa bem definida, a saber: Brasil Contemporâneo (décadas 1960 e 1970) a partir das produções estéticas (Teatro e Cinema) na luta contra a Ditadura Militar – Resistência Democrática e Luta Armada.
Em 1991, os referidos Professores prestaram Concurso Público e ingressaram no então Departamento de Ciências Sociais, hoje Instituto de História, da Universidade Federal de Uberlândia, e a incorporação dos Profs. Drs. Alcides Freire Ramos e Rosangela Patriota Ramos aos cursos de graduação em História da UFU contribuiu para que novas temáticas e perspectivas de trabalho pudessem ser desenvolvidas pelos discentes dos cursos de graduação. Assim, a partir de iniciativas didático-pedagógicas e de iniciações à pesquisa nasceu, em 1994, o Núcleo e Estudos em História Social da Arte e da Cultura (NEHAC).
A criação do NEHAC foi motivada pela possibilidade de estudar momentos importantes do processo histórico brasileiro, relativo à História Contemporânea, por intermédio de produções artísticas (teatro, cinema, literatura, música, fotografia, artes plásticas, etc.). Assim, a partir de problemáticas consagradas pela historiografia (Golpe de 1964, Ditadura Militar, Resistência Democrática, Luta Armada, Indústria Cultural, etc.) construíram-se os diálogos entre Arte e Política, História e Estética, sendo que este último tem propiciado, nos últimos anos, a constituição de outro campo de interesse bem definido, a saber: o da Estética da Recepção.
Tais perspectivas teóricas e metodológicas permitiram a constituição de um campo de trabalho que dialoga tanto com a produção historiográfica brasileira, como com temas e questões da Teoria/Metodologia da História, da História Social e da História Cultural. Ao lado disso, dada a especificidade dos objetos de pesquisa, a interlocução com a História e a Historiografia do Teatro, do Cinema e da Literatura, entre outras, tem sido uma constante. 
Este procedimento tem permitido a dessacralização da ideia de perenidade que, historicamente, envolveu muitos trabalhos artísticos, especialmente aqueles que foram objeto de análises que elegeram o tradicional campo da filosofia, Estética, como referencial teórico e metodológico de trabalho. Geralmente, estas reflexões privilegiam a obra, a sua constituição enquanto linguagem e os juízos de valor nela contidos.
Outra perspectiva de trabalho, presente em algumas pesquisas desenvolvidas em áreas específicas como Artes Cênicas, Cinema, Música e Literatura, tem sido aquela que toma como referência as discussões da área de Estética, e como esta acompanha a trajetória de uma obra ou de um artista ao longo de um dado período histórico. Nessas circunstâncias, o processo histórico surge como pano de fundo e a autonomia criativa é compreendida pela evolução artística do criador ao longo do tempo. Todavia, deve-se mencionar, por outro lado, a existência de importantes reflexões que não devem ser descartadas, pois nos auxiliam muito na constituição de uma perspectiva de trabalho, com o objetivo de desenvolver procedimentos metodológicos para o campo de pesquisa histórica propriamente dita.
Ao lado dessas realizações, devemos acrescentar que no ano de 1999, com a criação do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia, o horizonte de expectativas acadêmicas e formativas aumentou sensivelmente, bem como refinaram-se as discussões e as propostas investigativas.   
Nesse período, o NEHAC realizou Seminários Internos de Pesquisa ao lado de atividades acadêmicas voltadas para a comunidade em geral, bem como promoveu as seguintes atividades:
- Em 1998 organizou a atividade de extensão Centenário de Nascimento de Bertolt Brecht, que contou com uma oficina e palestra do diretor teatral e escritor Fernando Peixoto, nas dependências da UFU e do Teatro Municipal Grande Othelo;
- Em 2002, nas dependências da UFU, promoveu o I Simpósio de História e Cultura: Política – Estética – Alteridade;
- Em 2003 promoveu, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em História, a atividade de extensão Versões do Mundo do Trabalho: Tin Urbinatti e o Teatro Operário, que contou com uma oficina e palestra do diretor teatral Tin Urbinatti;
- Fevereiro/2004 – Oficina – História e Música: Questões Teóricas e Metodológicas – Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier;
- Colaboração e participação na Semana de História 2004 da UFU – Lembrar é Resistir: 40 anos do Golpe Militar de 1964;
- Colaboração e participação na Oficina Cultura e Sociedade ministrada pela Profª. Drª. Maria Elisa Cevasco – outubro/2004.
Em nível nacional, o NEHAC participou ativamente da criação do GT Nacional de História Cultural da ANPUH, em 2001, e possui importante participação nos Simpósios da ANPUH e dos Simpósios de História Cultural.
Assim, depois de muitos anos de atividade formativa, o trabalho começou a render frutos, isto é, a formação de inúmeros Mestres e Doutores, sendo que muitos deles já estão profissionalizados e atuando tanto no Ensino Médio e Fundamental quanto no Ensino Superior.
Em decorrência dessa situação, o NEHAC, até então um núcleo de pesquisa, começa, a pouco e pouco, se constituir em uma Rede de Pesquisa e de Trabalho e com intuito de realizar a primeira apresentação pública dessas interlocuções realizaremos o I Seminário do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura - NEHAC: História - Estética - Política – Recepção.  





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